29 novembro 2006

Ato/processo ii rito i







dezembro de 2002, no sobrado amarelo do Pântano do Sul, Florianópolis.

Participaram deste ato/processo: Marina Moros (vídeoatuação), Nena Melo (atuação), Elen (atuação), Hugo (experimentação sonora, com guitarra e instrumentos de sopro e percussão) e Sandra Alves (fotoatuação).

O ato/processo ii rito i utilizou como objeto matriz cascas de ovos espalhadas pelo espaço. Recebe a denominação de rito, pelo fato de tornar o espaço cotidiano, de residência, um espaço de cerimônia de passagem à vivência performática: experiência de arrebatamento, êxtase corporal. O ovo vazio é, não só objeto simbólico marcando o oco do princípio e fim, mas também objeto físico a ser devorado, o próprio corpo.

“O ovo é uma exteriorização”, diz Clarice Lispector em “O ovo e a galinha”. “Ter uma casca é dar-se – o ovo desnuda (...) – Quem se aprofunda num ovo, quem vê mais do que a superfície do ovo, está querendo outra coisa: está com fome.”

Este ato/processo se fez como investigação para As últimas sonatas XX em primitivus quadrus quatru – uma lenda, peça teatral escrita em 1996 e que dá prosseguimento des-contínuo à pesquisa do corpoemaprocesso, estando no limiar e excedendo o limite, entre as margens da margem da tese.


fotografia sandra alves

Um comentário:

Anônimo disse...

Clarissa querida,
Bom demais, poder acompanhar esse seu fantástico processo de criação.Muitas vezes, vejo você se pondo à prova nos constrastes mais absurdos e extremos. Para mim, isso significa muito, pois isso tem sido, sempre, mais interessante do que algo normal, com a altura e proporções exatas.
Caminhemos, pois.
Grande abraço,
Valda Fagundes