28 novembro 2006

mestrado / 1999-2000

o poema avoluma.doc
teatro de essência / poema processo
à Therezinha Pinheiro de Carvalho, viajante náufraga vidente,
que me fez vivo e concreto o teatro e trouxe-me pela mão
Wlademir Dias-Pino,
estirando meus músculos para dentro do poema.


"Quero fazer uma arte móvel, mas principalmente, para o músculo do homem. Uma arte que tenha rigor. Mas de uma geometria do acrobático. O desencadeamento do lúdico, mas obedecendo uma ordem biológica. Uma expressão corporal, mas sem representação. Assim é que ao correr dentro do labirinto branco, o homem se sacode interiormente (já independente da “obra de arte”), com os músculos em sintonia com a respiração. Uma arte olfativa, mas, principalmente, respiratória. (...) É um outro nível de leitura, um outro ato de virar das páginas”.

Wlademir Dias-Pino



carta à Wlademir

24 de abril. 1999.

corre um fio porque minha coluna descobre que não sei simplesmente falar. E isto é o melhor de todas as coisas já ditas.

Tentei refazer o argumento e só encontro o signo vazio do círculo, cerebralizando a fala por todo o corpo. A voz passa ser percussão, corda e caixa se quebrando uma na outra. o que meus olhos descobrem é tudo o que eu já havia visto, quando não sabia que via, respirava, existia. Era mesmo e só a coisa vista - sendo ela o espaço inteiro por onde residia.

Tenho nas mãos Teoria da Poesia Concreta dos três A, H e D. Ainda parada na página 09 fico lendo o Décio dizendo: “ Todo o poema autêntico é uma aventura - uma aventura planificada”, enquanto penso o tempo inteiro no volume do poema em forma orgânica desorganizada. Tudo isto sendo só um processo se dando nos círculos do ato. Achei teu nome citado, mas preciso encontra-lo mais extenso, exposto, lido em linhas seguidas de sintaxes propositais. Verás, pelo programa de uma das disciplinas que estou cursando - o texto sonoro - que entramos no universo do poema vocal pelas mãos da poesia concreta; a porta para abrir os ouvidos a John Cage - música aleatória ou indeterminada.

VERBIVOCOVISUAL, diz meu professor, é poesia do século XX. Então pensei, poema/processo é também teatro de essência, estão um dentro do outro na origem do Livro Contemporâneo - coisa de XXI !


Marina Moros se scaneia. Pé, dorso, braço, mão, rosto...ela vem em pedaços compondo o texto dessa dissertação, via e-mail, aleatoriamente, durante o processo da escrita. Leitura verbivisual.
Ela surge como a presença indeterminada do puro interlocutor vidente.


corpoema da cor vermelha vídeo/ato/processo

fotografia marina moros


1)A AVE VOA RETO CO 2) MO UM 3) CORTE 4) A ALTURA 5) DE 6) SEU GOSTO

“a curva amarGa SEU Vôo e fecha UM TempO com Sua fOrma.” – “O GESTO”

[fragmento do slogan do livro-poema A AVE (1956) de Wlademir Dias-Pino]

4 comentários:

Anônimo disse...

aqui, cada dia, mais interessante, beijos

fernanda magalhães disse...

quantas maravilhas para navegar

palavras
poemas
corpos em ebulição

saudades
beijos

Anônimo disse...

o poder de síntese e cesura é imanente ao seu processo, escolha fudante de todo resultado e espalha vida por todo o trabalho, que pode dar prazer mas tambem muito trabalho, o artista domina, como em um jogo cada lance. o teatro é antes, artes pláticas.emõção transborda por todas as bordas e retalhada a imagem de forma impositiva leva à reflexão e ao deleite: deleite e critica. para o desespero dos sérios donos da palavra.

Patrícia Lessa disse...

Clarissa Alcantara, que trilhas inusitadas nos separam de nossa doce cidade, nos fazem encontrar na ilha da magia e agora e aqui de novo.
Com carinho de sua amiga e admiradora,
Patrícia Lessa
mafalda_cat@yahoo.com.br